FALANDO DE DEUSES
No romance O CENTAURO agraciado com o prestigioso National Book Award, John Updike, considerado um dos maiores escritores norte-americanos da atualidade, transporta para os tempos modernos o mito grego de Quiron, o mais nobre e sábio dos Centauros.
Ao lê-lo, deparo-me com este interessante diálogo entre o protagonista, que elogia as qualidades dos deuses do Olimpo e a deusa Vênus, que insiste em desprezá-los:
“ A deusa ficou pensativa.
- A sua confiança em nós é comovente. Que foi que fiuzemos para merecer os adoradores que temos?
- Não é pelo que os deuses fazem que nós os adoramos – disse ele. – É pelo que são.”
Mais adiante, depois da deusa ter dito que Zeus não passava de um “ velho devasso e trapalhão” e que, Poseidon nada mais era que um “antigo marinheiro senil”, a narrativa continua citando seus prediletos :
“ Quiron sabia que devia parar, mas gostava secretamente de escândalo e no fundo do coração era meio palhaço.
- O luminoso Apolo, - disse ele, - que guia o Sol e tudo vê, cujas profecias délficas regulam nossa vida política e através de cujo avançado intelecto chegamos à arte e à lei
- É um pretensioso, um pedante untuoso que vive a falar de si mesmo. A presunção dele me dá náuseas.É um analfabeto.”
Essas palavras de Vênus nos trazem à mente certo político brasileiro que, por meio de maciça propaganda e distribuição farta de esmolas com dinheiro público, conseguiu ser entronizado no Olimpo pela enorme massa de analfabetos funcionais que existe no Brasil. De lá, continua reinando como um deus benevolente, pai dos pobres e marginalizados, divino protetor dos oprimidos.
Não o adoram pelo que ele faz – um governo incompetente, esbanjador, disseminador da corrupção, da torpeza moral e da violência como método de adquirir propriedades -mas, pelo que ele parece ser: um deus inabalável e inamovível dotado de suprema bondade e coração de ouro. Os olhos e mentes turvas da plebe ignara não enxergam suas mentiras, suas manipulações de congressistas comprados a peso de prata, de cargos públicos e dotações orçamentárias, do vale-tudo imposto à nação pela mídia televisiva aliciada à custa de anúncios e favores oficiais. No entanto, os ouvidos continuam bem abertos para a ilusão que lhes chega diariamente através da voz tonitroante, presunçosa,
mesmérica, debochada e inculta, vinda do altar mor dos palanques de divulgação obrigatória.
Nada mudará num futuro próximo! Os cidadãos honestos e lúcidos continuarão a tolerar essa impostura mitológica em nome da democracia enquanto não for espraiada pelos rincões da Pátria pela voz e armas dos educadores e professores - guerreiros heróicos da nova era -, a cultura e as noções de cidadania que afastarão as trevas da ignorância mantidas pelos tiranos do poder e da ambição sem peias. Ao fim da última batalha, a luz virá, conduzindo o País da Antiguidade para inseri-lo no Século XXI.
Até lá. continuaremos sob o império de Zeus, “Senhor do Céu, Rei das Nuvens e das Tempestades ”que não passa de “um velho trapalhão e devasso”, mas cujas estrepolias e de sua corte são admiradas pela multidão agradecida pelas migalhas recebidas e pelos milagres que só os deuses são capazes de realizar.
No romance O CENTAURO agraciado com o prestigioso National Book Award, John Updike, considerado um dos maiores escritores norte-americanos da atualidade, transporta para os tempos modernos o mito grego de Quiron, o mais nobre e sábio dos Centauros.
Ao lê-lo, deparo-me com este interessante diálogo entre o protagonista, que elogia as qualidades dos deuses do Olimpo e a deusa Vênus, que insiste em desprezá-los:
“ A deusa ficou pensativa.
- A sua confiança em nós é comovente. Que foi que fiuzemos para merecer os adoradores que temos?
- Não é pelo que os deuses fazem que nós os adoramos – disse ele. – É pelo que são.”
Mais adiante, depois da deusa ter dito que Zeus não passava de um “ velho devasso e trapalhão” e que, Poseidon nada mais era que um “antigo marinheiro senil”, a narrativa continua citando seus prediletos :
“ Quiron sabia que devia parar, mas gostava secretamente de escândalo e no fundo do coração era meio palhaço.
- O luminoso Apolo, - disse ele, - que guia o Sol e tudo vê, cujas profecias délficas regulam nossa vida política e através de cujo avançado intelecto chegamos à arte e à lei
- É um pretensioso, um pedante untuoso que vive a falar de si mesmo. A presunção dele me dá náuseas.É um analfabeto.”
Essas palavras de Vênus nos trazem à mente certo político brasileiro que, por meio de maciça propaganda e distribuição farta de esmolas com dinheiro público, conseguiu ser entronizado no Olimpo pela enorme massa de analfabetos funcionais que existe no Brasil. De lá, continua reinando como um deus benevolente, pai dos pobres e marginalizados, divino protetor dos oprimidos.
Não o adoram pelo que ele faz – um governo incompetente, esbanjador, disseminador da corrupção, da torpeza moral e da violência como método de adquirir propriedades -mas, pelo que ele parece ser: um deus inabalável e inamovível dotado de suprema bondade e coração de ouro. Os olhos e mentes turvas da plebe ignara não enxergam suas mentiras, suas manipulações de congressistas comprados a peso de prata, de cargos públicos e dotações orçamentárias, do vale-tudo imposto à nação pela mídia televisiva aliciada à custa de anúncios e favores oficiais. No entanto, os ouvidos continuam bem abertos para a ilusão que lhes chega diariamente através da voz tonitroante, presunçosa,
mesmérica, debochada e inculta, vinda do altar mor dos palanques de divulgação obrigatória.
Nada mudará num futuro próximo! Os cidadãos honestos e lúcidos continuarão a tolerar essa impostura mitológica em nome da democracia enquanto não for espraiada pelos rincões da Pátria pela voz e armas dos educadores e professores - guerreiros heróicos da nova era -, a cultura e as noções de cidadania que afastarão as trevas da ignorância mantidas pelos tiranos do poder e da ambição sem peias. Ao fim da última batalha, a luz virá, conduzindo o País da Antiguidade para inseri-lo no Século XXI.
Até lá. continuaremos sob o império de Zeus, “Senhor do Céu, Rei das Nuvens e das Tempestades ”que não passa de “um velho trapalhão e devasso”, mas cujas estrepolias e de sua corte são admiradas pela multidão agradecida pelas migalhas recebidas e pelos milagres que só os deuses são capazes de realizar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário