

O Dragão voou sob a lua cheia projetando sua sombra no caminho prateado que, alisando o mar, vinha do horizonte até as ondas que arrebentavam na praia.
Depois de séculos, resolvera pernoitar na gruta da Sununga onde, em tempos remotos, transformado em príncipe por um pajé feiticeiro, seduzira a jovem índia, filha do chefe da tribo, que recusara casar-se com o idoso, feio e arrogante morubixaba. Passados três meses de feliz e maravilhosa paixão, o feiticeiro invocando as forças malignas das trevas, transmutara o belo príncipe, de pele branca e loiro cabelo encaracolado, novamente na fera de afiados dentes e garras, que foi expulsa para os subterrâneos do oceano, sob a chuva de flechas e lanças dos guerreiros da aldeia de Iperoig, onde hoje fica Ubatuba. A moça deitou-se sobre as rochas no alto da gruta e, por muitas luas chorou pelo desaparecimento de seu amado. O ciumento e vingativo pajé, transformou-a na fonte de onde escorrem as águas límpidas que formam um véu à entrada da gruta à qual os caiçaras, contadores de antigas estórias, chamam de A Gruta que Chora.
E o feiticeiro? Ficou impune?
Naqueles tempos bárbaros não havia a lentidão de tribunais, a prescrição de penas, a destruição de provas, a compra de testemunhas e de sentenças. O ouro e a prata eram apenas enfeites que alguns indígenas trocavam com os incas que perambulavam pelos peabirus em busca de penas de papagaios, araras e outros pássaros. Os metais raros não seduziam, não despertavam ambições ou ganâncias. O cacique recusou de pronto o anel mágico ofertado pelo pajé que, incompetente, não fora capaz de re-transformar a fonte em índia. Condenou-o a ser devorado pelas mulheres da tribo, o que logo ocorreu num banquete realizado em noite de lua minguante sob chuva torrencial e trovões reveladores da aprovação de Tupã.
O Dragão, desde essa época se impusera a missão de transmitir aos humanos os conceitos e idéias de valores que lhes permitissem viver em harmonia e evoluir para uma civilização pacífica e solidária que existe no seu planeta natal, de onde fora sugado para a Terra pelas artes da magia negra de bruxos da Mesopotâmia.
No entanto, só mesmo a paciência e perseverança de um ser imortal, impediram que, até hoje não abandonasse a tarefa inglória, sujeita ao vilipêndio de sua imagem, à perseguição feroz de todos os homens dotados de poder alicerçado na mistificação, na manutenção da ignorância, na satisfação de ambições dos áulicos, no acirramento de conflitos entre classes sociais e raças.
Nos últimos dias estivera na Venezuela, transformara-se em líder estudantil e ajudara a comandar a passeata contra as reformas constitucionais tirânicas de Hugo Chaves.Usara seus poderes de mentepsicose (Plutarco e Montesquieu explicam do que se trata) para incorporar-se a lideres comunitários que mostraram aos favelados a possibilidade de ter que dividir seus barracos, adquiridos após muitos anos de trabalho, com famílias de sem-tetos. Aos camponeses, proprietários de pequenos sítios onde cultivavam a coca, usando a voz de velho campônio, dissera que o governo poderia repartir suas terras com aqueles que não as possuíam. Isto era previsto na Constituição chavista submetida à aprovação deles, isto era o “socialismo bolivariano”. O ditador fora derrotado! Mas não desistira. A “mierda” quando se solidifica é dura de expelir!
Depois dessa missão, voara para a Bolívia para insuflar estudantes, empresários e políticos das províncias economicamente mais desenvolvidas. A tirania também estava sendo travestida de democracia naquele país. O Dragão acha o Evo Morales muito parecido com Chaves, um déspota enganador de índios.
Havia muito trabalho a fazer. E no Brasil, estava apenas começando. Seria a tarefa mais difícil, pois a acomodação e a ignorância da maior parte da população haviam criado o mito de um redentor dos pobres. Mitos, ele sabia por experiência própria, eram difíceis de desmistificar.
E o feiticeiro? Ficou impune?
Naqueles tempos bárbaros não havia a lentidão de tribunais, a prescrição de penas, a destruição de provas, a compra de testemunhas e de sentenças. O ouro e a prata eram apenas enfeites que alguns indígenas trocavam com os incas que perambulavam pelos peabirus em busca de penas de papagaios, araras e outros pássaros. Os metais raros não seduziam, não despertavam ambições ou ganâncias. O cacique recusou de pronto o anel mágico ofertado pelo pajé que, incompetente, não fora capaz de re-transformar a fonte em índia. Condenou-o a ser devorado pelas mulheres da tribo, o que logo ocorreu num banquete realizado em noite de lua minguante sob chuva torrencial e trovões reveladores da aprovação de Tupã.
O Dragão, desde essa época se impusera a missão de transmitir aos humanos os conceitos e idéias de valores que lhes permitissem viver em harmonia e evoluir para uma civilização pacífica e solidária que existe no seu planeta natal, de onde fora sugado para a Terra pelas artes da magia negra de bruxos da Mesopotâmia.
No entanto, só mesmo a paciência e perseverança de um ser imortal, impediram que, até hoje não abandonasse a tarefa inglória, sujeita ao vilipêndio de sua imagem, à perseguição feroz de todos os homens dotados de poder alicerçado na mistificação, na manutenção da ignorância, na satisfação de ambições dos áulicos, no acirramento de conflitos entre classes sociais e raças.
Nos últimos dias estivera na Venezuela, transformara-se em líder estudantil e ajudara a comandar a passeata contra as reformas constitucionais tirânicas de Hugo Chaves.Usara seus poderes de mentepsicose (Plutarco e Montesquieu explicam do que se trata) para incorporar-se a lideres comunitários que mostraram aos favelados a possibilidade de ter que dividir seus barracos, adquiridos após muitos anos de trabalho, com famílias de sem-tetos. Aos camponeses, proprietários de pequenos sítios onde cultivavam a coca, usando a voz de velho campônio, dissera que o governo poderia repartir suas terras com aqueles que não as possuíam. Isto era previsto na Constituição chavista submetida à aprovação deles, isto era o “socialismo bolivariano”. O ditador fora derrotado! Mas não desistira. A “mierda” quando se solidifica é dura de expelir!
Depois dessa missão, voara para a Bolívia para insuflar estudantes, empresários e políticos das províncias economicamente mais desenvolvidas. A tirania também estava sendo travestida de democracia naquele país. O Dragão acha o Evo Morales muito parecido com Chaves, um déspota enganador de índios.
Havia muito trabalho a fazer. E no Brasil, estava apenas começando. Seria a tarefa mais difícil, pois a acomodação e a ignorância da maior parte da população haviam criado o mito de um redentor dos pobres. Mitos, ele sabia por experiência própria, eram difíceis de desmistificar.
O batalhador da lucidez recostou-se à sombra da Gruta que Chora e, mais uma vez, dormiu o sono dos justos.
Mas teve pesadelos.
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