I
Não há mais donzelas, não se gasta tempo vagando pela noite numa busca corrosiva, triste, muitas vezes, inútil. Elas aguardam os gatos nos becos, nos muros, miam, ronronam, se achegam e conquistam.
E depois, devoram...
Sempre foi assim, mas os gatos antigamente eram vaidosos, se achavam galãs, usavam finos bigodes e, na ponta das línguas, suas cantadas "infalíveis". Pura estupidez! Quase humana estupidez!
A noite com seu manto de estrelas, suas sombras, suas brumas, esgueirava-se pelas mentes da gataiada boêmia, entorpecia a reflexão, permitia que o escravo se sentisse rei.
Agora é diferente: elas rondam, nos aguardam, nos laçam, lúcidos, mas nem tanto, pois apreciamos o uísque amigo, o "cachorro engarrafado", como o definiram Tom e Vinícius, em noitada de memorável bebedeira.
Na sexta-feira, tomamos um "pit-bull", fui domado por uma gata de penugem dourada a quem o Kaká, meu amigo cantor, na madrugada seguinte, no boteco dos sábados, perguntou em tom debochado: " Esse vadio dormiu o tempo todo?"
Bem, a resposta não foi a esperada.
A Dany, que acabara de sentar-se à mesa, estava atenta e saiu soltando chispas pelos olhos de gata ciumenta.
As siamesas se consideram divinas, únicas dignas da mais elevada veneração dos súditos.
Por que, então, se enamoram de gatos vadios, sem dono, sem lar, sem raça, caminhantes de obscuras horas?
E depois, devoram...
Sempre foi assim, mas os gatos antigamente eram vaidosos, se achavam galãs, usavam finos bigodes e, na ponta das línguas, suas cantadas "infalíveis". Pura estupidez! Quase humana estupidez!
A noite com seu manto de estrelas, suas sombras, suas brumas, esgueirava-se pelas mentes da gataiada boêmia, entorpecia a reflexão, permitia que o escravo se sentisse rei.
Agora é diferente: elas rondam, nos aguardam, nos laçam, lúcidos, mas nem tanto, pois apreciamos o uísque amigo, o "cachorro engarrafado", como o definiram Tom e Vinícius, em noitada de memorável bebedeira.
Na sexta-feira, tomamos um "pit-bull", fui domado por uma gata de penugem dourada a quem o Kaká, meu amigo cantor, na madrugada seguinte, no boteco dos sábados, perguntou em tom debochado: " Esse vadio dormiu o tempo todo?"
Bem, a resposta não foi a esperada.
A Dany, que acabara de sentar-se à mesa, estava atenta e saiu soltando chispas pelos olhos de gata ciumenta.
As siamesas se consideram divinas, únicas dignas da mais elevada veneração dos súditos.
Por que, então, se enamoram de gatos vadios, sem dono, sem lar, sem raça, caminhantes de obscuras horas?
Direitos Reservados
Antonio Carlos Rocha
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