DEVANEIOS

Na sua voz murmura o desejo,
Uma vontade de beijo e acalanto,
De quem perdeu alegria e pranto
Ao crer na magia do realejo.

Igreja e praça, estórias de amor,
Reminiscências do jardim florido,
Eternidade do que foi vivido,
Águas ilusórias virando vapor.

No seu olhar a tristeza cintila,
Na sua mão a caneta vacila,
O verso vai caminhando sem rumo.

Seus devaneios me tiram do prumo
Porque me falta o sopro das asas
Para, de novo, por fogo nas brasas.

Antonio Carlos Rocha