
CIDADE GRANDE
As ruas confluem,
se afastam,
retas, tortas,
caminhos de labirinto
aonde as gentes vão
e voltam, e sentam,
levantam, ajoelham,
peregrinas de todas as horas:
das vivas e das mortas.
Ali a bolha de sabão flutua no quintal,
Aqui o papagaio fugido trepa no varal
E desfia todos os palavrões do bordel.
Acolá os garotos escapam do cão.
A moto explode em chamas na avenida,
Enquanto rasgo a folha de papel
Onde contei pedaços de vida
Que se uniram para fugir do tédio.
Um violão partido cai do prédio,
Cordas a tocar a serenata
Que a dama não quis ouvir,
Pois lhe fugira o papagaio.
Caem do céu cascata e raio
Na feira-livre que se desata,
No corre-corre do ir e vir
De quem busca qualquer abrigo.
A mão que empunha a faca
No roubo à mulher fraca,
A seguir acarinha a fosca
Face da pequena filha.
Amigo, vindo à cidade grande,
por onde quer que se ande
verás cenas de arrepiar.
Só o palhaço continua rindo.
As ruas confluem,
se afastam,
retas, tortas,
caminhos de labirinto
aonde as gentes vão
e voltam, e sentam,
levantam, ajoelham,
peregrinas de todas as horas:
das vivas e das mortas.
Ali a bolha de sabão flutua no quintal,
Aqui o papagaio fugido trepa no varal
E desfia todos os palavrões do bordel.
Acolá os garotos escapam do cão.
A moto explode em chamas na avenida,
Enquanto rasgo a folha de papel
Onde contei pedaços de vida
Que se uniram para fugir do tédio.
Um violão partido cai do prédio,
Cordas a tocar a serenata
Que a dama não quis ouvir,
Pois lhe fugira o papagaio.
Caem do céu cascata e raio
Na feira-livre que se desata,
No corre-corre do ir e vir
De quem busca qualquer abrigo.
A mão que empunha a faca
No roubo à mulher fraca,
A seguir acarinha a fosca
Face da pequena filha.
Amigo, vindo à cidade grande,
por onde quer que se ande
verás cenas de arrepiar.
Só o palhaço continua rindo.
Antonio Carlos Rocha
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