Auto-retrato
Não percorri caminhos escuros
em busca da felicidade
pois sem luz externa
a alma perde-se nas sombras.
Fui presunçoso, pretendi ser sol,
quando sou apenas lua,
satélite morto, sem brilho.
Com a idade vem a lucidez,
e no espelho a imagem sorri
ao se revelar sem máscara,
bem diferente do auto-retrato
que me olha nobre na parede.
Um gorgeio de bem-te-vi
me leva a abrir a janela
e percebo a vibração da vida,
ruas, avenidas, gente caminhando...
Há múltiplos lugares para ir
e o meu tempo não findou.
Respiro o ar iluminado
e saio para regar-me no jardim.
Antonio Carlos Rocha
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