terça-feira, março 30, 2010

                                                                                 



Auto-retrato



Não percorri caminhos escuros



em busca da felicidade



pois sem luz externa



a alma perde-se nas sombras.



Fui presunçoso, pretendi ser sol,



quando sou apenas lua,



satélite morto, sem brilho.



Com a idade vem a lucidez,



e no espelho a imagem sorri



ao se revelar sem máscara,



bem diferente do auto-retrato



que me olha nobre na parede.



Um gorgeio de bem-te-vi



me leva a abrir a janela



e percebo a vibração da vida,



ruas, avenidas, gente caminhando...



Há múltiplos lugares para ir



e o meu tempo não findou.



Respiro o ar iluminado



e saio para regar-me no jardim.







Antonio Carlos Rocha








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