sexta-feira, junho 18, 2010





O BECO



Rondam fantasmas pelas ruas desertas

E se reúnem no beco às duas da manhã.

Não assustam o cão vadio

A gata parda esfomeada

O bêbado e a filha careca

(foram-se os piolhos)

O saxofonista negro sem trabalho

O rato que rói poemas rasgados.



Geme o instrumento musical

E a dama pálida dança com Vinícius.

Chacrinha encontra no lixo uma buzina

Para azucrinar a vizinhança.

Jobim compõe uma sinfonia

com notas de choro da menina.



Acordo com sede e angústia.

A solidão desafia o sono.

Abro uma cerveja e vou ao beco.



Antonio Carlos Rocha

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