O BECO
Rondam fantasmas pelas ruas desertas
E se reúnem no beco às duas da manhã.
Não assustam o cão vadio
A gata parda esfomeada
O bêbado e a filha careca
(foram-se os piolhos)
O saxofonista negro sem trabalho
O rato que rói poemas rasgados.
Geme o instrumento musical
E a dama pálida dança com Vinícius.
Chacrinha encontra no lixo uma buzina
Para azucrinar a vizinhança.
Jobim compõe uma sinfonia
com notas de choro da menina.
Acordo com sede e angústia.
A solidão desafia o sono.
Abro uma cerveja e vou ao beco.
Antonio Carlos Rocha
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