quarta-feira, abril 20, 2011

Carta aos amigos

Não deixem que eu morra sobre poemas,


salvo se os versos forem de pleno amor


dedicados à derradeira musa,


amiga gentil dos últimos dias.


Não permitam que vá em noites frias,


casco adernado à beira do cais,


sem marinheiros por companhia,


sem conforto do sol, da vela e do vento.


Amigos, quando estiver perto o fim,


quero sentir em volta contentamento,


escutar risos e gritos de um festim,


posto que faço da vida um grande baile.


Abram-me os olhos!Não os quero cegos


por negras sombras crepusculares.


Pretendo admirar o caminho de estrelas


Que me conduzirá da Terra até Antares.






Antonio Carlos Rocha

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