sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Grãos de Areia

A vida se vai fugindo
Nas patas de um cavalo velho,
Mas não a prendo com mãos de fome,
Nem a sorvo com boca de vinho.


Não me ferem as dores
Dos dias de profunda aflição,
Posto que são espinhos do abismo
Cujas trevas pude sobrevoar.


Não levo em minhas lembranças
Os sonhos de rebelde juventude,
Já que uns os colheu o tédio
E muitos não os plantei em terra.


Somente trago comigo
A mirada terna da mãe,
Os conselhos sábios d meu pai,
O sorriso palpitante dos filhos,
A impudicia de olhos azúis,
Os pudores de seios virgens,
As canções de serenatas,
O caloroso abraço do amigo.


Meus feitos se afogaram nas ondas,
E são grãos de areia hoje nas praias
Para que os meninos construam castelos
Onde possam habitar os anjos.


Antonio Carlos Rocha

Nenhum comentário: