quarta-feira, março 11, 2009




MEDITAÇÃO


Silêncio! Não deixes a voz antiga soprar

Mandamentos ancestrais de além túmulo

Que te conduzem durante o dia.


É noite...Abra os poros ao perfume das estrelas,

Ao magnetismo da suave brisa do luar,

À memória dos lábios que te acariciaram a pele.

Não tenhas medo de fantasmas ameaçadores:

Eles arrastam correntes em castelos medievais,

Purgando as dores de fogueiras da Igreja, longe,

Bem longe da geografia das tuas circunstâncias.


Há mistérios bailando no ar da realidade.

Suga-os!Escolhe teu par de idéias que brotam nos jardins ocultos,

E desliza pelo salão dos devaneios,

Ao lado da valquírias e dos guerreiros da ópera.

És capaz de forjar a espada mágica

Na mente aberta ao fogo fértil do delírio,

Da insana luz que abre novos caminhos.

Despe a armadura e mergulha na correnteza do rio

Do meditar sem peias: a moral antiga é morta!

Estás livre! És pássaro embalado pelos ventos,

Leve, asas flutuantes numa ascendente espiral

Que leva para o cume da montanha mais alta

De onde se pode descortinar as múltiplas veredas.


Silêncio! Lá em cima singra a barcarola,

Onde a coragem do navegar pela vida

Bebendo o raro néctar dos desejos satisfeitos,

Desdenha tempestades,

Descobre mutantes paraísos,

Eriça a pele e o coração dos argonautas.


Direitos Reservados ao Autor:Antonio Carlos Rocha

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo poema Antonio Carlos,denso,melancólico,nostálgico talvez,porém cada palavra,cada verso,nos leva literalmente a reflexão...a meditação,fostes muito feliz na escolha do título.Parabéns nobre poeta e amigo querido,imagino que esse mergulho não tenha sido dos mais fáceis,mas a beleza desse poema,está justamente em sua profundidade.
Beijos recheados de carinho e admiração!!!