quinta-feira, julho 09, 2009




O MENSAGEIRO

Dos versos não me envaideço,
Não são meus.
Libero vozes presas em mim,
Vindas de além:
Do poeta da Babilônia,
Da sibila grega,
Da vestal romana,
Do menestrel de Castela,
Do cavaleiro templário,
Do navegante português,
Do guerreiro tamoio,
Do bandeirante mameluco,
Do senhor de escravos,
Da ama de leite negra,
Dessa mistura ancestral.
Há vozes que foram lidas,

Outras foram ouvidas.
Há gritos,
Há choros,
Há gargalhadas,

Há confissões e sussuros.
E sempre, um desejo de liberdade,
De dizer ao mundo que estão vivos,
Que só a carne feneceu.
Nesta página e nas outras
A mão escreve o que ditam
Sem que eu possa conter.
Sou apenas um mensageiro.


Antonio Carlos Rocha

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