
REALEJO
Não tenho sorte, não adianta apostar,
Nem depois do periquito vidente
Asseverar o ganho na mega-sena.
Ave brasileira de pequeno porte,
É outro vivente que garante o teto
Picotando os bilhetes do desejo.
Assim como eu, tem ânsia do ar,
Do espaço aberto, da mata, do vôo,
Da água que murmura na cascata,
Do tempo que passa e não se conta,
Do agora que perdura no amanhã,
E a circunstância aponta o que fazer.
Mas cada um tem o seu realejo,
Tocando a música que os encanta
Enquanto acomodados na gaiola,
São aves que não sabem mais voar.
Acabaram aprendendo a ler
Os papéis que lhes cabem picotar.
Antonio Carlos Rocha
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