sábado, abril 24, 2010




HUMANO DELÍRIO



Somos água e pó de estrelas,

O bicho que resultou

Da aurora das mutações.

Dormindo na cova da onça,

Sonhamos domar a Terra

E acordamos na Lua.

Cremos ser condor dos Andes

Mas voamos pintassilgos,

E pousamos em nossa árvore,

Muralha a ser defendida.

Criamos deuses à nossa imagem

Para justificar as guerras santas,

E nos admirar no espelho

Do anão que se vê gigante.

Nos poemas se louva o amor,

Nas camas o praticamos,

Enquanto o lençol esconde

A adaga que mata a fome.

De manhã, ao nascer do sol

Brindamos a eternidade:

A vida é uma chegada

E a morte, apenas partida.



Antonio Carlos Rocha

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