HUMANO DELÍRIO
Somos água e pó de estrelas,
O bicho que resultou
Da aurora das mutações.
Dormindo na cova da onça,
Sonhamos domar a Terra
E acordamos na Lua.
Cremos ser condor dos Andes
Mas voamos pintassilgos,
E pousamos em nossa árvore,
Muralha a ser defendida.
Criamos deuses à nossa imagem
Para justificar as guerras santas,
E nos admirar no espelho
Do anão que se vê gigante.
Nos poemas se louva o amor,
Nas camas o praticamos,
Enquanto o lençol esconde
A adaga que mata a fome.
De manhã, ao nascer do sol
Brindamos a eternidade:
A vida é uma chegada
E a morte, apenas partida.
Antonio Carlos Rocha
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