quarta-feira, outubro 29, 2008








ABELHAS

Não percebo o tempo passar,
A alma me foge e passeia
Qual barco sem marujos
No oceano da estrelas
Onde navios fantasmas
Cruzam mastros e velas
Aranhas na infinda teia
Dos astros mudos e surdos
Ilhas sem praias, sem portos,
Cegas ao imenso navegar.

Os girassóis fenecem
E depois explodem,
Rosas amarelas, brilhantes,
No jardim do espaço
Que se consome no torvelinho
Do buraco negro,
Caminho para outro universo.

Lá se vão as lembranças
Da alma turva
De um corpo cansado,
Usado.
Repositório dos sonhos
Que não consegue realizar.

Faço de mim o verso,
Disperso-me,
Palavras fugitivas,
Pétalas de flor
Que o vento espalha
Sem som, sem sentido,
Até que abelhas venham
E as transformem em mel.
Antonio Carlos Rocha

Um comentário:

Suzana Inglez (Suka) disse...

Para rever um velho amigo e buscar inspiração. Ler seus poemas é sempre um deleite...