A MULA E A INFLAÇÃO
Decifrando a Economia Brasileira
Todo fornecimento de serviço público tem seu custo em dinheiro, seja o da energia (eletricidade/gás), seja o de saúde e educação. Esse custo geralmente é cobrado do consumidor como tarifa e sai do bolso do cidadão, consciente e muitas vezes revoltado com o quanto paga.
Todo cidadão, por sua vez, é contribuinte de tributos cujo valor o Estado deve retribuir com serviços gratuitos de saúde e educação, sem os quais não é possível a pessoa sustentar uma a vida digna mediante o trabalho remunerado até a aposentadoria. Esta, por sua vez, oferece uma renda mínima proporcionada por contribuições sociais de empresas, trabalhadores e consumidores de produtos tributados para financiar a previdência social.
Quando o Estado reduz tarifas como a da energia elétrica , dos transportes urbanos ou de financiamentos por bancos públicos (são compensados com dinheiro de tributos) ele está pagando parte do custo com o dinheiro de tributos arrecadados dos contribuintes, sem que estes fiquem conscientes de quanto sai do seu bolso esquerdo, porque o dinheiro foi retirado dos serviços de educação , saúde e previdência sem que fica claro o quanto. Só se percebe a degradação desses serviços públicos essenciais à vida quando se precisa usar.
A redução de tarifas de energia e transporte, de tributos sobre produtos de consumo, ou de juros em financiamentos bancários por instituições oficias não é generosidade de um governante. Ele está tirando dinheiro do bolso esquerdo de uma pessoa para dar a esta a sensação de que saiu menos do seu bolso direito.
O Estado não deve fabricar dinheiro além do que arrecada como tributos.
Quando o faz, emitindo títulos da dívida pública para captar poupança privada está apenas comprometendo antecipadamente o valor dos tributos que arrecadará no futuro. E está fabricando dinheiro para pagar os custos que propagandeia como benefícios aos consumidores.
Quando o valor de todo o dinheiro que resta no bolso direito de todos os cidadãos é superior ao valor da soma de todos os produtos produzidos e comprados, ou que se retene comprar, o preço dos produtos aumenta porque o acréscimo está sendo sustentado pelo dinheiro fabricado pelo Poder Público.
A inflação equilibra e compensa o dinheiro que, sem perceber, saiu de um bolso e ficou no outro. O destaque obrigatório do valor dos impostos nas notas fiscais é um grande passo para a percepção. Por isso, o governo federal adia por pelo menos um ano essa obrigatoriedade. Quer manter a imagem de generosidade com s pobres, vítimas maiores do aumento do custo de vida, para ganhar votos e continuar cavalgando a mula empacada deste país que não permitem ser um fogoso alazão.
O indomado derruba o cavaleiro inepto.
Antonio Carlos Rocha
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